Meu relato de parto - 24/09/23

Cá estou eu, escrevendo meu relato de parto no meu blog. Quando eu poderia imaginar isso? Pois é! Hoje, você vai ler sobre o dia que meu filho Arthur nasceu e o dia que eu renasci. Parece clichê, mas de fato entendi esse significado de renascer.

Antes de falar sobre o dia do nascimento, quero voltar um pouco no tempo. Dias antes do Arthur nascer eu já estava com contrações de treinamento, que até confundi com o próprio Arthur. Eu jurava que era ele tentando ficar "em pé" na minha barriga hahahaha. Sério, olha só esse registro do dia 20/09/23:

E nos próximos dias segui assim, com a barriga ficando completamente dura do nada. Causava um pouco de incomodo, mas nada que doesse muito. No dia 22/09/23, uma sexta-feira aconteceu a minha despedida da barriga. Que momento! Minha doula Kah veio aqui em casa com a doula parceira dela, a Lua. As duas pintaram minha barriga, me proporcionaram um momento de descontração e relaxamento, ensinaram para o meu marido como fazer massagem na minha lombar, o ponto exato da dor. Deixaram um rebozo (saiba o que é clicando aqui) com a gente e a Kah leu meu plano de parto (que seria a última vez).

No dia seguinte, 23/09/23 eu acordei com leve dor na lombar, mas acordei bem. Depois do almoço, de tarde, comecei a ficar melancólica. DO NADA! Do nada fiquei desanimada e com vontade de chorar. No início da noite eu optei por comer um pedaço de pizza, estava com vontade e queria me agradar. Depois de comprar a pizza, chorei, aliviou o que eu estava sentindo e resolvi ligar para meus pais, uma vídeo chamada. Conversamos sobre a gestação, sobre minha mala maternidade QUE AINDA NÃO ESTAVA PRONTA, minha irmã que estava aqui em casa, decidiu pegar a mala e arrumar junto comigo, naquela noite. Minha mala estava pronta, finalmente, depois de muito procrastinar. Naquele dia a noite, depois da mala pronta, eu resolvi finalizar uma identidade visual que surgiu de última hora, estava com a criatividade a mil. Às 23h meu marido chegou do trabalho, ficamos juntinhos conversando e assistindo live no Youtube, a banda do amigo dele estava tocando nesse dia.  

Pronto! Hora de dormir. Eu e Carlinhos (meu marido) fomos deitar juntos, trocamos carinhos, beijos e dormimos. Foi um momento muito bom a dois! 

24/09/2023

Às 3h da madrugada acordei com dores na lombar, dores que surgiam e desapareciam do nada. Eram diferentes das dores que senti ao longo dos dias! Era uma dor que começava a queimar na lombar e terminava numa cólica. “Relaxei demais”, pensei. “Deve ser contrações de treinamento, na sexta-feira tive várias”, pensei.

Aguentei essas dores andando pela casa até as 5h, depois disso deitei na cama para tentar mudar a posição. Comecei a vocalizar pequenos “ai, ai” e Carlinhos acordou. Depois disso, ele ficou em alerta e começou a cronometrar as contrações, era 6h15 quando mandei mensagem para a doula. Às 8h45 ela me respondeu com um "mulher pq vc n me ligou??". Pois é né? Eu poderia te ligado! Ela auxiliou nas contagens das contrações e disse que poderiam ser prodomos. Mais ou menos 9h30 eu consegui dormir e segui assim, até 12h. Depois disso, acordei e as dores ficaram um pouco mais intensas. Fui para o sofá da sala, sentei para conversar com o Carlinhos. Mais algumas contrações surgiram e depois veio uma dor muito intensa, nem deu tempo de anotar no app, eu só corri para o banheiro pois senti algo sair de mim. 

E então 12h54, Carlinhos enviou mensagem para a doula, dizendo que o tampão saiu. E aí sim, o trabalho de parto se intensificou. 13h01 o horário que o Carlinhos ligou para a minha médica, explicou tudo que estava acontecendo. Nessa hora eu tive a "genial" ideia de ir tomar um banho quente, porque eu li que ajudava com as dores. 

INTENSIFICOU. Naquele momento eu praticamente me joguei no box do banheiro, gemendo de dor. Minha médica disse que era para colocar no viva voz e que queria falar comigo:

— Karol, de 0 a 10, como está a dor? 

Eu respondi:

— 5,5!

Nessa hora o Carlinhos lançou um olhar incrédulo. Para ele, aquilo ali nitidamente passava de 5,5. Mas eu estava reservando meu 10. No fundo eu sabia que seria muito mais intenso que aquela dor. Então comecei a me arrumar e rapidamente, minha irmã e meu marido pegaram minha mala, a mochila do Arthur e fomos até o carro. Carlinhos dirigiu como se o mundo fosse acabar, quando as contrações passavam, eu dizia: calma, eu to bem, pode ir devagar. Logo depois, as dores se intensificavam novamente.

13h50, o horário da internação. 

Chegamos no hospital, a bolsa estourou na porta. Na triagem o médico plantonista me avaliou e disse que eu já estava com 4cm de dilatação. Nessa hora eu fiquei sem acreditar, lembro de repetir umas 3x "sério?". Eu estava muito tranquila, animada e zero ansiosa. Eu queria muito o parto normal, me preparei muito para essa via de parto. Claro que se eu precisasse encarar uma mesa de cirurgia para ter meu filho, eu encararia. Mas não era a minha primeira escolha.

Fui para a sala de parto e ali fui muito bem amparada pelas enfermeiras de plantão e pelo meu marido. A doula e a minha médica chegaram depois, Arthur escolheu nascer em um domingo ensolarado. Minha doula estava em um sítio em Itanhaém e minha médica, na USP. Já eu estava na maternidade Ana Costa em Santos/SP. Eu só torcia para que desse tempo delas chegarem. Encheram a banheira para que eu ficasse lá, me dera um top para que eu ficasse a vontade. 

Uma das enfermeiras sabia o ponto exato para apertar na minha lombar. ABENÇOADA seja ela e suas mãos de fada. Ela fazia pressão exatamente onde doía! Aaaaah como gritei. Gritei muito! As dores das contrações eram bem intensas! Minha doula não demorou muito pra chegar, acho que 14h15 ou 14h20 já estava lá. Lembro de estar na banheira, olhar para ela e falar:

— Kah me ajuda!!

E ela respondeu que estava me ajudando, que estava lá. Graças a Deus eu escolhi pessoas de confiança para estarem comigo nesse dia tão único. Depois eu comecei a sentir MUITA VONTADE de fazer força, perguntei pra Kah se eu podia. Ela perguntou se era força de fazer cocô e eu disse que sim! Então ela disse que eu poderia fazer força.

15h10 minha médica chegou. Analisou o cardiotoco, perguntou como eu estava, se atualizou de tudo que estava acontecendo e depois conferiu minha dilatação, para a minha grata surpresa: 9 cm. Misericórdia! A banheira e a água quente ajudaram e muito. Resolvi voltar para a banheira e permaneci lá até minutos antes do meu filho nascer.

Foram mais e mais minutos de gritos e dores. Eu rezava, eu implorava para que Deus me desse forças. Eu falava que ia conseguir, tentava ser positiva. Eu pedia mais e mais forças a Deus. Repetia que ia conseguir, que ia dar certo. Mas minutos antes do Arthur nascer, eu estava começando a me entregar para o medo e esquecendo até de respirar fundo. Lembro da doula falar: Karol, respira! E lembro de responder: EU NÃO CONSIGOOOO!! A dra. Claudia, minha obstetra maravilhosa, olhou para mim e disse que viu o cabelo do Arthur e depois pegou minha mão e direcionou para que eu sentisse a cabeça dele.

Que atitude incrível a dela. Naquele momento eu senti uma força e veio tanta coragem, que comecei a chamar pelo Arthur. Só que eu estava muito cansada da banheira e aí a minha médica sugeriu de irmos para a banqueta. Pois foi ali que dei a luz ao Arthur!

Carlinhos estava sentado atrás de mim me segurando, falando palavras positivas no meu ouvido. Apoiei uma perna na doula e a outra perna na médica, foram 3 empurrões (lembra da nota 10 que eu estava reservando? Pois é, aqui a dor era um 10) e às 16h27 do dia 24 de setembro de 2023 o Arthur nasceu. Foi direto para os meus braços! Escutei meu marido chorar de felicidade e depois, o choro do Arthur.

Nunca vou esquecer esse momento. Nunca vou esquecer a pele quente e pegajosa (por causa do vernix) do meu filho assim que nasceu. Nunca vou esquecer o cheirinho dele e o primeiro chorinho. Nunca vou esquecer o primeiro momento da amamentação. Nunca vou esquecer esse dia. 

E sempre serei grata. Grata a Deus pela força. Grata a equipe do hospital que me acolheu. Grata a Kah, minha doula e a dra. Claudia Ribas, minha médica; vocês foram essenciais. E grata ao meu marido por ter sido fortaleza, porto seguro. Ele me incentivou, me abraçou, me protegeu e se entregou junto comigo nessa linda aventura. Obrigada, obrigada, obrigada mil vezes!

Filho, você é minha alegria. Obrigada por me escolher! Você também foi forte durante o trabalho de parto, imagino que não deve ser fácil. Amei carregar você em meu ventre e agora estou amando curtir você aqui comigo. Amo ser sua mãe e te ver descobrindo o mundo. Um dia você vai ler essa história e eu espero que sinta todo amor envolvido. Eu e seu pai estávamos esperando por você e te amamos muito!